Com a chegada do verão neste domingo (21) e o aumento no fluxo de banhistas no litoral pernambucano, o crescimento no número de praias classificadas como impróprias para banho acende um alerta ambiental e de saúde pública no estado. Dados recentes da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) mostram que, em apenas uma semana, o número de trechos considerados inadequados para recreação praticamente dobrou.
De acordo com o informativo de balneabilidade divulgado em 28 de novembro, o estado passou de seis para 11 praias impróprias para banho, um aumento de quase 100% em relação ao boletim anterior. O levantamento semanal avalia 27 pontos do litoral pernambucano, entre Goiana, na Zona da Mata Norte, e São José da Coroa Grande, no Litoral Sul.
Olinda lidera ranking negativo
O cenário se agrava em municípios do Litoral Norte. Olinda, por exemplo, chegou a registrar todas as suas praias classificadas como impróprias para banho em um dos boletins divulgados neste ano, consolidando-se como o município com o pior desempenho nos relatórios da CPRH ao longo de 2025.
Em boletim publicado no dia 10 de dezembro, a agência apontou que sete das oito praias impróprias do estado estavam localizadas no Litoral Norte, sendo quatro delas em Olinda: Rio Doce, Bairro Novo, Carmo e Milagres. Na ocasião, a única praia considerada imprópria fora dessa região foi a do Pina, no Recife.
Já no relatório mais recente, divulgado nesta sexta-feira (19), referente ao período entre 19 e 25 de dezembro, a CPRH manteve a classificação de trechos impróprios em municípios como Itamaracá, Olinda e Recife. Permaneceram inadequadas para banho, por exemplo, as praias de Jaguaribe e Pilar, em Itamaracá; Rio Doce, Carmo e Milagres, em Olinda; além do Pina, na Zona Sul do Recife.
Por que uma praia se torna imprópria?
Segundo o órgão ambiental, o monitoramento da balneabilidade é feito por meio de coletas semanais de água do mar em pontos fixos ao longo do litoral. As amostras são analisadas em laboratório seguindo procedimentos técnicos padronizados, o que permite acompanhar continuamente a qualidade da água utilizada para recreação.
A CPRH explicou ao LeiaJá que a classificação das praias é baseada nos critérios da Resolução nº 274/2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O principal parâmetro analisado é a concentração de enterococos, bactérias indicadoras de contaminação fecal. Quando os índices ultrapassam os limites estabelecidos, a praia passa a ser considerada imprópria para banho.
A presença elevada desses microrganismos indica a possibilidade de contaminação por outros agentes patogênicos, o que pode representar riscos à saúde, especialmente para crianças, idosos e pessoas com imunidade reduzida. Entre os problemas associados estão infecções gastrointestinais, dermatológicas, respiratórias e o agravamento de doenças preexistentes.
Monitoramento frequente
Por isso, a balneabilidade funciona como uma ferramenta preventiva de saúde pública. A recomendação da CPRH é que o banho de mar seja evitado não apenas em praias classificadas como impróprias, mas também nas 24 horas após chuvas intensas, quando o risco de contaminação aumenta devido ao carreamento de esgoto e resíduos pelas galerias pluviais.
O órgão ambiental destaca ainda que os pontos monitorados foram definidos com base em critérios técnicos e priorizam áreas de maior concentração de banhistas, abrangendo o Litoral Norte, o Litoral Sul e a Região Metropolitana do Recife (RMR). A intenção é garantir que as informações divulgadas tenham impacto direto na proteção da população.
Com o avanço do verão e a intensificação do turismo no estado, a orientação é que moradores e visitantes acompanhem semanalmente os boletins de balneabilidade divulgados pela CPRH e observem a sinalização nas praias. Evitar áreas próximas a desembocaduras de rios, canais e galerias também é uma das principais recomendações para reduzir riscos à saúde.
Com Imagem de: Júlio Gomes




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