O surgimento de mutações do vírus da dengue joga dúvidas sobre a eficiência da vacina que vem sendo testada no país. Criada com o objetivo de combater os quatro sorotipos da doença, a imunização, que deve ser comercializada daqui a cerca de cinco anos, não seria capaz de combater outras mutações do vírus. De acordo com o médico e presidente do Instituto Oswaldo Cruz, Paulo Gadelha, as possibilidades de surgir um tipo 5 da dengue não está descartada.
Apesar disso, Gadelha garante que, ainda que o vírus sofra mutações, a eficiência da vacina contra os atuais quatro sorotipos não ficaria comprometida. “Há casos de vacinas que atuam para até dez sorotipos diferentes”, esclarece. “Além disso, uma vez que dominamos a tecnologia, a possibilidade de desenvolver outros sorotipos é maior”. Segundo o médico, os testes em humanos com a vacina começaram com uma população de 100 pessoas, que deve aumentar ao longo do tempo. “Os testes pré-clínicos mostraram-se muito positivos”, garante.
A vacina da Fiocruz é desenvolvida em parceria com o laboratório GSK (Glaxo SmithKline). Assim como o desenvolvimento da vacina contra a dengue, a Fiocruz tem se lançado ao desenvolvimento de pesquisas para a ancilostomose (Amarelão), em parceria com o Instituto Sabin, em Washington, e contra a leishmaniose.
Para o biofísico Ronaldo Mohana, que trabalha no laboratório de genômica estrutural da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pode haver, ainda, uma resistência do vírus a médio ou longo prazo devido a mutações.
Mohana acrescenta, no entanto, que o mais importante é que a vacina proteja contra os 4 sorotipos, pelo mesmo período de tempo. "O mais importante é a resposta imune prolongada que a vacina deveria dar para os quatro sorotipos ao mesmo tempo. Se isso não acontecer, a vacina é ineficaz”, alerta.
Informações: Jornal do Brasil
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