Uma máquina revira os destroços: buscas também na 13 de maio. Fernando Quevedo |
Na tentativa de encontrar os cinco corpos que ainda estão desaparecidos, o Corpo de Bombeiros vai revirar o entulho que está em um terreno da Comlurb, na Rodovia Washington Luiz. Cães farejadores também farão buscas no local. A iniciativa foi tomada depois que um cadáver foi encontrado no local, em meio aos escombros. O trabalho de buscas pelas vítimas também passou a ser feito de forma mais minuciosa. De acordo com os bombeiros, os socorristas trabalham na área onde as lajes acabaram se sobrepondo. Até a tarde deste sábado, 17 corpos foram localizados e 13 deles, identificados.
A chuva que caiu no Rio durante a madrugada de ontem atrapalhou o trabalho de buscas. Segundo o secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, seus homens encontraram dificuldades para ter acesso à caixa das escadas do Edifício Liberdade. Os trabalhos de remoção, interrompidos na madrugada, foram retomados pela manhã de sábado.
Bombeiros fizeram buscas em uma parte do prédio 44 que não desabou e ficou presa ao edifício Capital, na Avenida Almirante Barroso 6. Cães farejadores estiveram no local.
— Os cães indicaram dois pontos, mas a área está contaminada pelo fato de os escombros estarem remexidos. O 15º corpo resgatado nos mostrou como é fácil nos confundirmos. Os corpos estão misturados no barro e na lama — disse Simões.
Já a Defesa Civil Municipal vistoriou ontem o edifício Capital. O subsecretário de Defesa Civil Márcio Motta disse que o local deve ficar interditado, para fazer pequenas intervenções estruturais nos andares 6,7 e 8. Nesses pavimentos será preciso fazer um escoramento metálico na parte da escada.
Motta falou ainda que caíram destroços no duto de ventilação do prédio vizinho e que terá que ser removido manualmente, pois existe a possibilidade de existirem corpos no local. A hipótese de desabamento do Edifício Capital foi descartada pela Defesa Civil em uma vistoria anterior.
Outros prédios da Avenida Almirante Barroso, entre a Rua Senador Dantas e a Avenida Rio Branco, também foram avaliados pela Defesa Civil. Eles já foram liberados, mas devem permanecer fechados para evitar o tráfego de pessoas pelo local. Bombeiros informaram que vão liberar a Avenida Treze de Maio para a passagem de pedestres a partir de segunda-feira. Tapumes foram colocados no entorno dos escombros.
Prefeitura identifica 4 que estariam garimpando
Sábado, a prefeitura afirmou que identificou quatro pessoas da Concessionária Porto Novo, que estariam garimpando os escombros do três prédios que desabaram no Centro, na quarta-feira à noite. Eles serão demitidos e a polícia vai abrir um inquérito para apurar o caso. Anteontem, o jornal "Folha de São Paulo" flagrou operários que trabalham nas obras da Zona Portuária, para onde está sendo levado o material do local do acidente, retirando objetos de valor, cabos elétricos e telefônicos e peças de metal em meio ao entulho.
Vestidos com uniformes da concessionária Porto Novo, da empresa Brasfond e da Secretaria estadual de Obras, os funcionários foram fotografados vasculhando o interior de bolsas e sacolas encontradas em meio ao entulho, retirando objetos e devolvendo o que não tinha valor à pilha. O local está recebendo os destroços recolhidos no local do acidente por carretas menores para, dali, ser encaminhado a um depósito na Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias, onde serão analisados pela perícia. Através de nota, a prefeitura afirmou que vai pedir o reforço da segurança em todos os locais para onde o entulho está sendo levado.
Pessoas que trabalhavam nos prédios que ruíram já vinham reclamando que não estavam conseguindo ter acesso aos escombros para procurar seus pertences. Na quinta-feira à noite, o dentista Antônio Molinaro, que teve um prejuízo de mais de R$ 300 mil, chegou a ser detido por desacato e autuado por difamação depois que acusou um bombeiro de ter roubado uma caixa de CDs encontrada no local do acidente.
O coronel Sérgio Simões disse ontem que não acredita no fato de que tenham pessoas roubando pertences no meio dos escombros:
— Se diante de um cenário de tanto sofrimento há quem faça este tipo de coisa, realmente é lamentável.
Pessoas que se apresentaram como familiares de possíveis vítimas num primeiro momento não retornaram à Câmara de Vereadores, onde foi montado um posto de atendimento, para reclamar seus parentes. A Secretaria de Assistência Social prefere trabalhar apenas com o número de pessoas que estão no local ou que mantêm contato.
Informações: O GLOBO
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