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quarta-feira, 20 de março de 2013

EM PE, SECA CAUSA MORTE DO REBANHO E DERRUBA PRODUÇÃO DE LEITE

A seca que atinge Pernambuco está afetando gravemente a produção de leite no estado. Dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro) apontam para uma redução de quase 70% na produção da bacia leiteira, formada por 14 municípios, com prejuízo mensal estimado em R$ 36 milhões. 

Rebanho morto em Itaíba, no Agreste de PE
 (Foto: Márcio Alves dos Santos / VC no G1)
Antes da estiagem, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Pernambuco (Sindileite) contabilizava a produção de 2,3 milhões de litros por dia e, agora, 830 mil litros são produzidos diariamente. A queda afeta consumidores, que sentem a alta dos preços dos derivados que chegam às prateleiras, e principalmente os criadores, que presenciam a morte do rebanho com a falta de chuvas no interior pernambucano – o Sindileite aponta a morte de mais de 200 mil animais e o abate precoce de outros 528 mil.

Dados de março da Secretaria da Casa Militar de Pernambuco apontam que 1,3 milhão de pessoas estão sofrendo com a estiagem no estado. Dos 158 municípios pernambucanos, 132 decretaram estado de emergência - dos quais 126 tiveram essa condição reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional. "Estamos diante de algo extraordinário. Talvez seja a seca mais severa dos últimos 60 anos, em algumas regiões do Nordeste", comentou o ministro Fernando Bezerra Coelho, em reunião com prefeitos de 50 cidades pernambucanas, esta semana, no Recife.

Através do VC no G1, o internauta Márcio Alves dos Santos enviou fotos da difícil situação sofrida por seus pais, moradores da Zona Rural de Itaíba, município que fica no Agreste de Pernambuco. Considerada a maior produtora de leite de Pernambuco e a 16ª do Brasil, com produção 75,7 milhões de litros por ano antes da estiagem, Itaíba vive o castigo da seca: hoje, o rebanho da cidade produz 45 mil litros por dia, contra 175 mil litros diários obtidos antes da falta de chuvas, segundo o Sindileite. Márcio dos Santos conta que o gado está morrendo porque a família não tem mais condições de comprar comida para alimentar os bichos. “A situação é de perda total. Já morreram 22 cabeças do ano passado para cá, e os que ainda estão vivos a gente está só esperando morrer, porque não temos dinheiro para comprar ração”, explica o internauta.

A renda da família, que produz leite para ser vendido a uma queijeira da cidade, caiu muito por causa da estiagem. Atualmente, os pais de Márcio estão vivendo com a aposentadoria da mãe dele, Irene Santos, que precisa fazer render um salário mínimo para pagar todas as despesas. “É só o salarinho mesmo, que é para tudo: comida, remédio... Quando chega o fim do mês, não tem mais dinheiro para nada”, afirma Irene. A pequena produtora fala que, antes da seca, ela e o marido chegavam a tirar de 15 a 30 litros quinzenalmente. “Não tiramos um pingo de leite, desde que começou a seca”, lamenta.

A pequena produção da família Santos é um exemplo da falta de apoio que algumas comunidades estão tendo das autoridades para conseguir manter o gado e a produção pecuária. “A gente não conseguiu nenhum auxílio do governo. Até a água que eles [os pais] conseguem é comprada”, diz Márcio. A gerente da Adagro, Erivânia Camelo, fala que o governo estadual está cortando cana-de-açúcar para distribuir entre os produtores, mas é preciso que os mesmos paguem pelo transporte do produto.

“A cana é o grande problema. O governo estadual comprou a cana, mas falta transporte, que é por conta do produtor, que precisa pagar o frete do caminhão, e o produtor muito pobre não tem condições de buscar a cana na Zona da Mata. Para atender à bacia leiteira, são necessários cinco quilos de cana para cada animal, e nós precisaríamos por dia de seis mil toneladas. Hoje, o governo, com grande dificuldade, está liberando 600 toneladas, 10% da quantidade necessária, então existem milhares de produtores que nunca receberam um quilo de cana”, enfatiza Erivânia.

Além da cana-de-açúcar, o governo de Pernambuco vem recebendo o apoio do governo federal, que mantém, no estado, 12 polos de venda de milho a preço subsidiado - é o chamado Programa de Venda em Balcão. De acordo com Ricardo Jucá, gerente de produção e comercialização da Secretaria-executiva da Agricultura Familiar, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) traz a Pernambuco o milho vindo do Mato Grosso, e o governo estadual leva o produto para o interior. "Hoje existem dois polos de milho da Conab, no Recife e em Petrolina [no Sertão], e o governo do estado, em parceria com algumas prefeituras e com o próprio governo federal, abriu mais outros oito postos."

O Programa de Venda em Balcão está nas cidades do Recife, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Floresta, Salgueiro, Ouricuri e Petrolina, vendendo a saca de milho com 60 quilos por R$ 18,12 – o valor normal de uma saca, segundo Jucá, é de aproximadamente R$ 50. "E nós estamos pretendendo abrir mais dois polos, dentre eles estão os municípios de Itaíba e Surubim. A expectativa é de que, daqui para o final do mês, nós consigamos abrir esses pontos."

Ricardo Jucá afirma ainda que, com o programa, já foram atendidos mais de 15 mil produtores rurais e mais de 22 mil toneladas de milho foram vendidas. "O programa, que havia acabado em fevereiro, foi prorrogado até 31 de maio, e, se houver necessidade, acreditamos que o governo federal prorrogará novamente esse prazo. Outro ponto que o governo estadual tem facilitado é que foi publicada uma portaria, através da Secretaria da Fazenda, de isenção do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], sobre esse milho, que é exclusivo para alimentação de rebanhos", enfatiza Jucá.

Mesmo com esse apoio vindo dos governos federal e estadual, Jucá reconhece que existem dificuldades que dificilmente serão supridas. "Nós sabemos que o que é feito não é 100% suficiente para atender os produtores. Este mês, por exemplo, nós estamos com um problema de arranjar transporte para o milho do Centro-Oeste para o Nordeste", informa.

Em relação à cidade de Itaíba, onde vivem os pais do internauta Márcio Santos, Erivânia diz que os produtores devem procurar os polos mais próximos para a compra do milho. “Os postos de Garanhuns ou Arcoverde, por exemplo, são os mais pertos da cidade. Para comprar o milho, esse pessoal deve estar cadastrado na Conab. Já estamos com 17 mil produtores inscritos”, explica a gerente da Adagro. 

O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Pernambuco (Sindileite), Carlos Albérico Bezerra, reforça o coro e afirma que os recursos empenhados pelo governo não estão chegando como deveriam aos produtores. “O governo do estado tem ajudado de uma forma dedicada, mas vejo que não tem chegado ao produtor, em especial a questão do milho, que o governo federal repassa só 20% do prometido. Isso reflete principalmente no pequeno e médio produtor”, argumenta Bezerra.

O setor industrial do leite também sofre bastante com as consequências da seca. Em Venturosa, outro município do Agreste que integra a bacia leiteira pernambucana, o secretário de Agricultura da cidade, José Jonas Pacheco Vaz, afirma que quase metade das fábricas de produção de leite e derivados precisaram fechar. Antes da seca, funcionavam cerca de 80 fábricas – de vários portes e muitas até clandestinas. "Acredito que 30%, 40% delas fecharam por falta de leite. O gado está morrendo, pois os criadores não têm como comprar ração", fala José Jonas.

A fábrica Venturosa trabalha com a capacidade reduzida pela metade, usando seis mil litros de leite por dia. E a matéria-prima vem agora de lugares mais distantes, como Correntes e Bom Conselho, cidades que ficam quase na divisa com o estado de Alagoas. "Nossos produtos aumentaram de preço cerca de 60%, para cobrir esses gastos. Até o fim deste mês, vamos ter que despedir metade dos funcionários", diz o diretor da fábrica, Uziel Valério da Silva.

Informa o G1 PE

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