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domingo, 27 de maio de 2012

SAPATO EMBORCADO DÁ AZAR! VOCÊ CRÊ? CONFIRA ALGUMAS CRENDICES POPULARES

Você está largado no sofá quando vê o chinelo emborcado de longe. Dá ou não dá uma agonia? Você lembra ou não de sua mãe? É, você sabe que é irracional, mas, por via das dúvidas, provavelmente vai levantar e colocar o calçado ‘de cabeça para cima’, afinal “sandália emborcada mata a mãe”. É esse ‘por via das dúvidas’ que vem mantendo viva uma das tradições mais divertidas de nossa cultura popular. São crenças passadas de geração a geração que perduram no imaginário popular e, na maior parte das vezes, ninguém sabe se faz, ou não, sentido, mas que escondem condições históricas, sociais e de saúde que as dão razão de existir e justificam.

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Estudos Folclóricos Mário Souto Maior, da Fundação Joaquim Nabuco, Rúbia Lóssio, muitos desses conhecimentos populares são utilizados como uma forma de controle social, quer seja para preservar a integridade física de quem ouve, em geral crianças, ou para estabelecer um modelo de conduta tido como adequado. “Essas crenças fazem uso do medo para evitar que se precise justificar uma ordem. Imagine uma mãe que tenha que ensinar a dez filhos que eles não devem ficar deixando os chinelos jogados de qualquer forma ou apontando para tudo na rua? Às vezes, isso servia como uma ajuda. Amedrontadas, mesmo sem entender, as crianças obedecem mais facilmente”, explica.

Mas não são apenas crianças que acabam reféns deste tipo de ‘crendice’. Na hora do sufoco, então? Que o diga a designer de moda Nathália Fonseca, 23. Ao ouvir os conselhos da mãe a mães de primeira viagem sobre como solucionar o soluço de um bebê, ela ria. “Eu dizia que nunca iria colocar linha na testa do meu filho, que isso não fazia sentido…”, conta. Hoje, lidando com a pequena Júlia, de 8 meses, a situação mudou. “Ainda não acredito, mas quando ela começa a soluçar, não aceita água nem nada. Dá uma aflição. Aí corro e coloco linha, algodão molhado, o que for na testa. Qualquer coisa que possa, de repente ajudar”, diz.

A insegurança dos adultos se percebe nos pequenos atos. O sempre frequente conto de que beber suco de manga com leite faz mal afeta diretamente o consumo da bebida. Na Pizzaria Atlântico, por exemplo, é um dos menos requisitados, segundo o mâitre Valdir Mazul. Ambas as crenças são algumas das questões mais recorrentes dirigidas a profissionais de saúde, que se divertem. Para o gastrohepatologista do Real Hospital Português, Fábio Marinho, no entanto, algumas dessas combinações de conhecimentos populares podem acabar contribuindo, de alguma forma, para o resultado de um tratamento, como no caso da hepatite. “Dizem que, nestes casos, se deve tomar água de coco amarelo e comer suspiro. O coco ou a cor dele não interfere de forma alguma na recuperação. Agora, como um suspiro é altamente calórico o organismo acaba ficando menos debilitado”.

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Engolir chiclete dá nó nas tripas 

Desde muito cedo, ouvimos histórias sobre a dificuldade de dissolução das gomas de mascar. Estimativas indicam que, na natureza, uma bola de chiclete demoraria cerca de 5 anos para ser completamente decomposta. Imagine o que esse material não poderia fazer em nosso organismo? O gastrohepatologista Fábio Marinho esclarece que nó, propriamente dito, o doce não provoca, mas que engoli-lo pode, sim, provocar sérios danos. “Por ser muito denso e não dissolver facilmente, a goma de mascar pode causar uma obstrução no trânsito intestinal, uma espécie de entupimento, que, em alguns casos, pode ser caso de cirurgia”. Justamente por isso, o médico lembra do perigo de deixar que crianças muito pequenas tenham acesso ao  doce.

Tomar leite com manga faz mal

De acordo com o médico gastrohepatologista Fábio Marinho, não há qualquer reação ‘reativa’ entre o leite e a manga. Aliás, com nenhuma outra fruta, vale a pena dizer. “Segundo a folclorista e pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, Rúbia Lóssio, essa junção ‘explosiva’ tem uma razão histórica.  A crendice popular surgiu entre os séculos XVIII e XIX, nos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste. “Os senhores de engenho disponibilizavam para a refeição dos escravos algumas poucas opções de alimentos. O problema é que o custo seria alto se todos eles consumissem mais de uma opção. Então, foi criada a ideia de que juntar leite e manga, causaria danos ao organismo. Assim, os escravos preferiam comer apenas um alimento”.

Soluço de bebê é resolvido com algodão molhado ou linha na testa

A receita normalmente vem da avó. A mãe acompanha. A filha, mais moderna, rejeita, mas na hora do sufoco, recorre. Pareceu dar certo? Passa a receita à frente. E assim, sempre que passam por uma crise de soluço, bebês de todo o Nordeste recebem na testa algodão molhado ou um pedaço de linha.  O pediatra George Maciel ri. Alega que esta é uma conversa recorrente em seu consultório e, por vezes, é repreendido e ‘corrigido’ por mulheres de gerações anteriores. “Dá certo. É tiro e queda”, dizem. Na prática, o recurso não tem fundamento científico. “O que provoca soluços são contrações do diafragma por conta de uma pequena irritação. Nessas horas, é preciso intervenção de alimentos líquidos e nenhum melhor que o leite materno”.

Mulher menstruada não pode ir à piscina ou ao mar

No Recife, de fato, não seria uma boa ideia uma mulher tomar banho de mar exalando cheiro de sangue na água. Apesar das piadas que o tema suscita, o hipersensível olfato de tubarões pode detectar a ‘presa’ a muitos metros de distância, ainda que este não seja um cenário tão comum. Bem mais provável é a insistência de amigos para que a mulher entre na água da piscina e digam que a história que não se ‘pode’ fazer isso não passa de uma lenda. Mas, segundo o ginecologista Abílio Jorge Costa, essa crença específica tem fundamento. “Elas devem evitar essa exposição. Durante a menstruação, o PH da vagina está alterado. Como o sangue é alcalino, a região fica mais suscetível a qualquer tipo de contração de doenças”, esclarece.

Cheiro de melancia na praia é tubarão

A imagem clássica de uma mãe deixando o filho pequeno ir tomar banho de mar e alertando: “já sabe! Se sentir cheiro de melancia, saia correndo da água” pode ser risível quando se pensa na relação de nosso olfato com a presença de um tubarão na área, mas, acredite, a crendice tem justificativa. Não, cheiro de melancia quando se está próximo ao mar não significa que você verá um destes temíveis peixes, mas significa, sim, que o banho deve ser evitado. “Os tubarões não têm esse cheiro característico, mas há algo na água que pode oferecer problemas. São algas marinhas, como fitoplânctons. Em alguns casos, esses organismos podem agredir a pele do banhista”, afirma o professor de engenharia de pesca, Fábio Hazin. 

Tomar banho depois do almoço, ou de comer pirão, faz mal

Todo mundo já ouviu essa ressalva.  Mas, de acordo com o clínico geral, Silvério Cunha, não há o que temer, ainda que a história tenha, sim, um fundo de verdade. O chuveiro não exige muito do corpo. Quando essa crença surgiu, as pessoas tomavam banho de rio, lagoa. Ou seja, hora de banho era hora de nadar. “Quando você come, especialmente comidas pesadas como o pirão, o estômago enche e começa a passar alimento processado para o intestino, então, o cérebro emite informação para que seja liberado mais sangue na área. Quando você nada, força os músculos, que recebem a mesma informação, ‘roubando’ parte do sangue que deveria estar envolvido na digestão. Isso, sim, pode causar mal-estar.  Mas não dá para morrer!”.

Apontar dedo para estrela dá verruga

Talvez o mais surpreendentemente absurdo conhecimento popular dê conta do nascimento da verruga. Quem nunca se arriscou a apontar ou contar as estrelas do céu e, mesmo assim, viu uma lesão desta crescer deve ter percebido a inexistente relação de causa e efeito “É uma história completamente mitológica. O problema, na verdade, é causado pelo vírus HPV”, esclarece a dermatologista Rosana Chagas. Na natureza, há pelo menos duzentos sorotipos do agente causador de verrugas.  “Quando vemos aquele substrato, é porque houve uma hiperproliferação do vírus, que entra no organismo com mais facilidade, caso haja alguma abertura na pele, como feridas. As maiores vítimas são quem têm maior tendência alérgica”.

Abacaxi é alimento proibido para mulher menstruada

Se você é mulher e já teve dúvidas sobre o que pode ou não fazer durante o período em que se encontra menstruada, provavelmente já se viu recomendada de algumas restrições alimentares. Uma delas, o de consumo de abacaxi, tem até explicação: “é muito ácido”, dizem. A sabedoria popular, neste caso, erra apenas a ‘fruta proibida’. De acordo com o ginecologista e obstetra Abílio Jorge Costa, mulheres no tempo em que se encontrar menstruada devem ter, sim, uma restrição alimentar quanto a uma fruta, mas esta seria o limão. “Ele possui características anticoagulantes, o que pode provocar um aumento considerável do fluxo menstrual, o que pode se configurar como um problema”, explica. 

Deixar sandália emborcada causa a morte da mãe

Esta é uma daquelas crendices difíceis de acreditar, mas que se tem receio de ‘pagar para ver’. Nesta mesma sessão estão “Ouvir o galo cantar enquanto se está revirando os olhos os mantém assim para sempre”e “olhar no espelho com a boca torta provoca derrames”. No entanto, quando se é criança, em que até mesmo o escuro é motivo para pesadelos, uma ameaça desse tipo é marcante. É neste ponto que as crenças se mostram como ferramentas de educação. “Ninguém quer ver a mãe morta ou coisas do gênero. E assim vai se construindo um recurso de construção comportamental por meio do medo, que acaba cumprindo a função, quando é devidamente aprendido”, explica a folclorista Rúbia Lóssio.

Remédio para verruga é amarrar um fio de rabo de cavalo na ‘bolha’

As gambiarras caseiras para resolver problemas de saúde muitas vezes envolvem fios e cordões, bem como experiências traumáticas. É assim para arrancar dentes de leite em crianças e, normalmente em regiões rurais, para se livrar da indesejada verruga. A diferença entre os recursos utilizados é que no caso do vírus HPV, a receita popular diz que o fio seja da cauda de um equino. O recurso, em si, pouco tem a ver com a cura, mas segundo a dermatologista Rosana Chagas, há um detalhe no ritual que pode contribuir para o fim da doença. “Quando tem algo em contato com a verruga, no caso um fio, qualquer que seja, provavelmente causará uma pequena lesão na pele, isso ‘chama a atenção’ do organismo, que passa a atacar o vírus”.

Informações: PERNAMBUCO.COM

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