Em Pernambuco, mais de um milhão de pessoas, de 212 municípios, sofrem os efeitos da estiagem prolongada. Na região da bacia leiteira, no Agreste do estado, criadores de gado fogem da seca e de uma praga que ataca as plantações de palma, que é um dos principais alimentos do animal quando falta a chuva.
“A seca terrível que tudo devora…” (Patativa do Assaré) |
Na região, os rios deixaram de correr e os reservatórios já não possuem nenhuma gota de água. Sem pasto, os bezerros disputam a casca da algaroba – os que não conseguem se manter acabam virando carcaça na beira da estrada.
O criador Genildo Bezerra insiste em manter o pequeno rebanho de 40 animais que demorou anos para formar. São vacas leiteiras de excelente genética, que, nesta época de escassez, seriam vendidas por muito menos do que valem. O pecuarista está se endividando cada vez mais para comprar bagaço de cana e farelo de milho. “A esperança é que eu estou mantendo elas para, quando chover, eu vender para pagar as dívidas e continuar, porque eu não tenho outro meio de vida. Eu dependo das vacas e elas não estão retornando”, comentou Genildo, que, até agora, não recebeu nenhuma ajuda oficial.
O município de Itaíba era o maior produtor de leite de Pernambuco, com uma produção de 75 milhões de litros por ano. A produção e o rebanho despencaram. “Teve uma redução aproximadamente de 80% do rebanho leiteiro e da produção de leite do município”, informou o técnico do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), José Evendro Torres. Não há previsão de quando a bacia leiteira pode voltar ao normal depois dos prejuízos.
Praga
Em maio deste ano, 9 mil animais foram levados para o Maranhão e o Pará, na tentativa de escapar da sede e da fome. A situação se agravou porque uma praga conhecida por “cochonilha do carmim” devastou as plantações de palma da bacia leiteira de Pernambuco. As raquetes de palma ficam cobertas pelos insetos que se alimentam da seiva da planta. Ela murcha e morre.
Sem pasto, sem água e sem a palma, pecuaristas pernambucanos juntaram as economias e as esperanças e partiram com os animais. “Para vir aqui até uma moto que eu tinha eu vendi para comprar a palma, tudo pra salvar o rebanho”, lamentou o pecuarista José Vieira Paz.
Vinte pequenos criadores pernambucanos arrendaram terras em Batalha, no Sertão de Alagoas. Na região, as plantações de palma não foram atingidas pela praga. As despesas são grandes, mas pelo menos mil animais estão a salvo, além de dois bezerros que já nasceram.
Governo
De acordo com a Secretaria de Agricultura de Pernambuco, 1,15 milhão de pessoas estão sendo atendidas com linhas de créditos emergenciais, programas sociais e a distribuição de água em caminhões-pipa. O IPA informou que tem desenvolvido e distribuído variedades de palma resistente à cochonilha do carmim e faz pesquisas para combater a praga.
Do G1 PE
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