Os sertanejos de Pernambuco, já castigados pela seca deste ano, ainda não podem ficar otimistas, segundo as previsões dos meteorologistas. As médias pluviométricas para novembro, dezembro e janeiro são de 160 mm, em média.
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A seca no semi-árido pernambucano é histórica Foto: Guga Matos/JC Imagem |
No entanto, de acordo com o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), as chuvas devem ser ainda menores. Dos 184 municípios do Estado, 120 estão em estado de emergência, devido à estiagem.
Os meses da primavera (de setembro a dezembro) já são, em Pernambuco, os menos chuvosos do ano. De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), a média de chuva em setembro é de 86 milímetros. Em outubro, diminui para 41 milímetros em outubro e para 33 em novembro. No último mês do ano, sobe para 50.
Levantamento do Itep mostra, no entanto, que em setembro só choveu em Afogados da Ingazeira (1 dia), Afrânio (1), Arcoverde (5), Exú (1), Floresta (2), Inajá (1), Itacuruba (2), Ouricuri (1), Santa Cruz da Baixa Verde (2), Santa Filomena (2), Santa Maria da Boa Vista (2), Serra Talhada (1), Sertânia (2), Tacaratu (4). Veja no mapa abaixo:
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Fonte: Hidromet/Itep |
A baixíssima precipitação ao longo do ano, que prejudica a agropecuária na região e deixa a população em situação precária, não estava prevista. Segundo o meteorologista do Ipet Lindenberg Lucena, como este é um ano de La Niña, as chuvas eram esperadas. O fenômeno La Niña é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, trazendo frentes frias até o Nordeste e provocando chuvas na região do Semi-Árido. No El Niño, o que acontece é o oposto.
O meteorologista explica que o ano atípico de falta de chuvas foi influenciado pelo Atlântico. "O Sul precisa estar mais quente que o Norte, o que chamamos dipolo positivo. A expectativa era que chovesse bem em 2012, mas, na verdade, foi bem menos que em anos de El Niño", afirmou. Um levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), feito entre 1985 e 2012, mostrou que este foi o ano de La Niña com menor precipitação.
Por isso, o governador Eduardo Campos enviou, no último dia 26, uma carta a Dilma Rousseff pedindo agilidade nas ações emergenciais da Operação Seca.
Foi proposta a ampliação do programa Bolsa-Estiagem - uma ajuda de custo realizada em cinco parcelas mensais de R$ 80 - para o público do Garantia Safra, que está concluindo as cinco parcelas de R$ 680 neste mês de outubro. Além disso, cobra reforço na construção da Adutora do Oeste, que será responsável pelo abastecimento de água de grande parte do Sertão.
O índice de chuvas começa a aumentar no Sertão em janeiro, quando é iniciado o verão. A média para a estação, que segue até abril, é de 400 mm. Mas as previsões continuam negativas até 2013.