O agricultor Miguel Severino de Souza, 64 anos, morador de Frei Miguelinho, no Agreste pernambucano, a 146 quilômetros do Recife, tomou um susto ao escutar numa rádio local a história de um homem de 81 anos que está morando no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
Percebeu na hora que se tratava do irmão, com quem não tinha contato desde a década de 60. “Me veio na memória: ‘esse é meu irmão, que saiu de casa em 1953’. Eu tinha sete anos, mas lembro como se fosse hoje. Fiquei muito emocionado”, contou o trabalhador rural à reportagem do G1, nesta quinta-feira (29).
O irmão do agricultor, Adauto Luiz de Souza, está vivendo há, pelo menos, um mês em um banco do terminal aéreo, na Ilha do Governador. Morando há mais de 40 anos nos Estados Unidos, ele decidiu retornar ao Brasil justamente para tentar reencontrar a família em Pernambuco. Chegou a viajar pelo interior do Estado, mas voltou ao Rio de Janeiro depois que ficou sem dinheiro e não conseguiu achar os parentes.
“Eu acho que ele não conhece mais nada aqui, por isso, se perdeu. Moro em Frei Miguelinho que, na época, não era nem cidade. Eu era menino quando ele saiu de casa. Decidiu ir pra São Paulo fazer a vida. A gente tinha muito pouco contato, às vezes minha mãe recebia carta dele”, lembrou o trabalhador rural.
Ainda segundo Miguel, na década de 60, os pais receberam uma última notícia sobre Adauto. “Ele trabalhava como mecânico e disse que estava indo para os Estados Unidos. Mas depois disso não ficamos sabendo mais de nada da vida dele”, comentou. Hoje, os pais são falecidos e o agricultor ainda vive no Agreste de Pernambuco com a mulher e os filhos. Sobrevive do trabalho da roça na localidade, conhecida como Algodão do Manso.
“Eu fiquei preocupado quando ouvi a história. Não sei o que ele está passando, eu tinha a esperança que ele tava vivo. Agora quero muito vê-lo, mas não tenho condições. As coisas estão difíceis por causa da seca”, disse Miguel Severino, ressaltando que também perdeu contato com outra irmã. “Ela se mudou pra São Paulo pouco tempo depois que Adauto partiu. Deve estar com uns 50 anos hoje”.
Até a manhã desta quinta (29), Adauto Luiz de Souza ainda encontrava-se no Aeroporto Internacional do Rio. Ele está à espera do passaporte que perdeu para retornar aos Estados Unidos. A Secretaria de Assistência Social de Pernambuco informou que uma equipe está procurando os parentes dele no interior do Estado. Também comunicou que o governo está disposto a pagar as despesas com passagem aérea de Adauto para os Estados Unidos.
Do G1 PE
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