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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

CIDADE REFÉM DE MOSQUITO

Com informações do FOLHA PE -

PESQUEIRA - Difícil é encontrar na cidade quem não tenha tido sintomas de dengue, chikungunya ou zika, como febre e dores articulares. Tão surpreendente quanto verificar pessoas com dificuldade de locomoção é ouvir os relatos de mortes pós-quadros virais. A maioria, pessoas idosas. A prefeitura não confirmou as causas dos óbitos, mas atestou o aumento de falecimentos. 

A dona de casa Roseane Mariano da Silva, 35 anos, perdeu o pai José Mariano, 73, no dia 23 de dezembro passado. Ele começou a sentir muitas dores no corpo e febre alta. A família procurou o Hospital Lídio Paraíba. “Fomos algumas vezes. Mas não tinha médico. Doze dias depois, ele não melhorava. Voltamos de novo para o hospital, que continuava sem médico. Quando corremos para o particular, ele morreu”, contou Roseane.

A família acredita que ele teve chikungunya. No atestado de óbito dado pelo hospital, a causa apontada é dengue. Assim como o pai, Roseane também teve a virose que ataca as articulações. Um mês depois, ainda tem dores e inchaço. A família mora no bairro Central. Uma agente de saúde que atua na área contou à Folha que mais de seis idosos morreram neste mesmo bairro. Todos com o mesmo quadro de José Mariano.

A dona de casa Salete Vieira, 44, que mora perto dali, está em pânico. Segundo ela, a vizinhança passou o Natal e o Ano Novo trancada em casa, doente. Preocupada, alertou os familiares que moram em outras cidades. “Meu irmão de São Paulo vinha passar as festas de fim de ano aqui. Pedi que não viesse. Contei dessa epidemia. Ele é diabético e hipertenso, temo por sua saúde”.

ASSISTÊNCIA - No único hospital público de Pesqueira, o Lídio Paraíba, o entra e sai de pessoas com quadro viral semelhante aos das doenças transmitidas pelo Aedes é constante. Gente, que muitas vezes espera atendimento por horas. Desiste e se consulta com um farmacêutico ali perto. Outros persistem por não aguentar de dor. Patrícia Gomes, 34, chegou à unidade na última quinta (7) com a mãe, uma idosa, às 7h30. Eram 15h30 e não haviam saído de lá. “Ela só foi atendida porque meu pai falou sobre o diabetes dela e implorou muito”. Maria Aparecida Silva, 37, aguardava na emergência há mais de 2h. “Dói tudo. Não consigo nem ficar de pé de tão inchada”.

GESTÃO - O prefeito de Pesqueira, Evandro Chacon, reconheceu que enfrenta uma epidemia. “Desde novembro enfrentamos esse situação. Acredito que agora estamos no ápice”, disse. A cidade não realiza sorologia para nenhuma das doenças. São coletadas apenas algumas mostras e enviadas para o Estado fazer a confirmação laboratorial.

O gestor afirmou que vem investindo em mecanismos de prevenção, como visitas de agentes de endemias e de saúde e recolhimento de lixo três vezes por semana. Também disse que a cidade tem um plano de saneamento básico pronto aguardando recursos. Mas enfrenta uma média de 21 dias sem água, o que provoca a necessidade de armazenamento e, assim, maiores riscos de focos.

Chacon destacou que a falta de recursos federais para o enfrentamento é um complicador e que tem pedido ajuda ao Estado, desde que foi decretado estado de emergência municipal. Sobre o hospital, o prefeito contou que o aumento de pacientes levou muitos dos profissionais, que estavam trabalhando no limite, a pedirem desligamento. Mas, segundo ele, o quadro teria sido ajustado. E agora seis médicos se reversariam.

Comoção e incertezas no adeus a Daniele

Na aldeia xucuru Pé de Serra de São Sebastião, a 16km de Pesqueira, onde vivia Daniele Marques Santana, 17 anos, o dia na última quinta (7) foi de tristeza. Após quase dez dias internada no Recife, ela morreu com suspeita de ter adquirido Gullain-Barré, seguida de um quadro viral, que os parentes acreditam ter sido chikungunya. Na declaração de óbito dela, constam como consequências ou complicações: choque séptico, pneumonia, SGB e quadro de paralisia flácida por arbovirose.

Inconformado, o pai da adolescente, José Maria Araújo de Santana, 53, lamentava a demora no atendimento à filha quando ela apresentou a virose. “Precisamos de mais médicos. Quando a minha filha chegou ao hospital aqui não tinha médico”.

Depois de quase oito dias internada no hospital da cidade, seu estado se agravou. Ela foi entubada, levada para Caruaru e transferida para o Recife. Seu velório aconteceu na aldeia, onde moram cerca de 95 famílias. O cacique Marquinhos Xucuru lamentou os frequentes relatos de índios adoecidos. “Não tenho números, mas muitos relatos”, disse.

Na Aldeia Pão de Açúcar, Geralda Mônica, 45, reclama de chikungunya. “Onde tenho osso, dói. Mãos e pernas continuam inchados. E olhe que já faz 25 dias que começou”. Dilma Gonçalves, 46, tem as mesmas queixas há um mês. Os 11,2 mil indígenas de Pesqueira vivem em 24 aldeias. Essa população é atendida por três unidades básicas de saúde.

Há saneamento em 70% dos domicílios, segundo dados do IBGE. Já a coleta de lixo é realizada em apenas oito aldeias. Nas demais, os resíduos são queimados ou trazidos para a cidade pelos indígenas. A morte da adolescente deixou o cacique surpreso e apreensivo. “Há muitas perguntas que precisam de respostas ainda”. Daniele foi velada em ritos católicos e indígenas e recebeu homenagens próprias de guerreiros da tribo.

Foto: Reprodução

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