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domingo, 17 de janeiro de 2016

UM VÍRUS E MÚLTIPLAS HIPÓTESES

Com informações do Folha PE -

Poucas confirmações e especulações que surgem dia após dia, numa construção de conhecimento sobre o que se acreditava ser uma doença simples: o zika. As conexões que ligam o mal à ocorrência de microcefalia começaram há cerca de quatro meses. Foi quando se percebeu o aumento da malformação congênita em filhos de mulheres que relataram doença exantemática (com manchas na pele) na gestação. 

No entanto, a série de questionamentos permanece, diante de um número crescente de bebês microcéfalos que aumenta semana a semana e já soma 3,5 mil casos notificados no País e 1.236 em Pernambuco. Por que o vírus que já tem história na África e Ásia tomou proporções tão drásticas no Brasil? Por que alguns bebês nascem com a anomalia e outros não? Como o vírus chega ao feto causando o dano? E quais os fatores de risco?

O vírus não é novidade no mundo, mas ficou restrito a pequenas populações. Foi isolado pela primeira vez em 1947, a partir de macacos Rhesus, na floresta Zika, em Uganda, África. Já a primeira evidência de infecção humana remete ao ano de 1952. O vírus era considerado endêmico no leste e oeste do continente africano e, a partir de 1966, migrou para o continente asiático. Atualmente, há registro de circulação esporádica em países africanos, asiáticos e da Oceania. Há também relatos de casos importados de febre no Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos, Austrália e Chile.

Complicações neurológicas associadas ao zika só foram descritas em 2013 durante um surto na Polinésia Francesa. Foram apontados 38 casos de Síndrome Guillian-Barré (SGB) no território após a infecção viral. Entretanto, até então, nada como acontece hoje no Brasil, que calcula um adoecimento de centenas de milhares de pessoas numa grande velocidade. E nenhum quadro se compara ao quadro de microcefalia em bebês que o Estado vivencia.

Para o pesquisador da Fiocruz Recife Rafael França, que encabeça uma pesquisa de cooperação internacional sobre o zika, algumas possibilidades podem ser consideradas para explicar esse quadro nacional. “A gente não sabe o porquê de ele estar se espalhando tão rápido. Pode ser que tenha sofrido uma mutação, que tenha se adaptado e passado a se replicar melhor no mosquito do que a dengue e outros vírus. Ou pode ser imunidade prévia para a dengue seja um fator de complicação”, comentou.

O que se conhece até agora é que o vírus tem uma origem africana - que subdivide-se em duas cepas - e outra asiática. Esta última teria sido identificada como a circulante no Brasil. “Uma hipótese é que o vírus que surgiu aqui possa ter sofrido uma mutação e a cepa seja mais agressiva a comparada com as outras”, disse. Para avaliar se a doença sofreu transformação no País, é preciso um estudo com várias amostras de sangue dos brasileiros, que já começaram a ser colhidas, e que devem ser comparadas entre si e também com cepas circulantes em outros países. Esse cruzamento de dados será feito pela França junto com colaboradores do Reino Unido.

IMUNIDADE

Outro achado que chamou a atenção do pesquisador é que 90% dos recifenses avaliados em uma investigação sobre o zika positivaram para a dengue. A infecção anterior de dengue pode inclusive ser a chave para explicar a microcefalia. Uma das especulações dos cientistas que investigam ocorrência da malformação indica que o dano ao feto pode decorrer de reação imune exagerada ao zika.

“Pode ser que o vírus entre no nosso organismo, replique nas células e não causa grandes estragos, mas o sistema imune numa tentativa de controlar a infecção acaba lesando muitas células ocasionando microcefalia e complicações neurológicas”, comentou o especialista. A Fiocruz Rio de Janeiro e Recife se preparam neste ano para infectar macacas grávidas para esclarecer uma série de abordagens científicas sobre essa transmissão de mãe para bebê do vírus e a ocorrência de microcefalia.

TRANSMISSÃO

O infectologista do Real Hospital Português (RHP) e Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) Filipe Prohaska reforçou que a possibilidade de transmissão do vírus via suor, saliva, sangue ou sêmen precisa de mais estudos. Comprovado mesmo é o risco real da pessoa ter a infecção após a picada pelo mosquito Aedes aegypti. “O mosquito consegue pegar um raio de 500 metros em um dia, porque ele plaina bem. Essa questão dos fluídos corporais ainda não tem comprovação científica.” E quando as atenções se voltam para o vetor como alvo para minimizar a epidemia, o especialista destaca que este é o momento de maior alerta, por conta da chegada na estação quente e úmida, de chuvas e sol, clima favorável à proliferação. Essa conjuntura de fatores climáticos pode ter desfavorecido o Nordeste, que acumula a maioria dos casos de microcefalia. Sobre o Sudeste e Sul do Brasil, Prohaska alerta que com o maior volume de chuvas entre os últimos dias de 2015 e esse início de 2016, as duas regiões podem se tornar mais vulneráveis e devem ficar atentas para não ter um “boom” de microcefalia no segundo semestre. Destaque especial deve ser dado às Olimpíadas no Rio, em agosto.

INCOMPARÁVEL

No cenário mundial, o que o zika vem provocando no Brasil é inédito. Para Prohaska, é difícil fazer comparações do surto no País com os de outros lugares. O infectologista acredita que as respostas definitivas sobre o zika e os seus mecanismos de complicação só serão conhecidas em dois ou três anos. Ele comparou o cenário de desconhecimento do zika, com o da Aids na década de 1980. Quando a doença apareceu pela primeira vez em San Francisco, Estados Unidos, foi chamada de “peste gay”, porque só homossexuais apareciam doentes.

Foto: Reprodução

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